Mordente
MORDENTE: Núcleo de Pesquisa e Experimentação da Imagem Gráfica O Mordente nasce no atelier de gravura da Universidade Federal do Pará. Como projeto de extensão, o mesmo consiste na implementação da prática de “atelier livre” na universidade, com abertura para um público diverso, sem a obrigatoriedade de vínculo com a instituição. A ativação desse espaço e democratização de seu acesso é cara aos objetivos do projeto, assim como as parcerias institucionais, no intuito de diluir as fronteiras dos lugares de saber-poder, construindo estratégias permeadas pela arte. A gravura é o eixo central de experimentação e produção de imagens. Os participantes possuem, portanto, o interesse comum em pesquisar a estampa como linguagem poética. Os encontros são momentos de partilha, que ocorrem regularmente. A partir do desdobramento de pesquisa iniciada pouco tempo antes da pandemia de COVID-19, o Mordente se constitui em 2021. O coletivo, composto na época por apenas três artistas, atravessou o período pandêmico e o isolamento social. Nesse contexto, foram produzidas suas imagens germinais. Os encontros aconteceram durante o bandeiramento amarelo e chegaram a ser suspensos algumas vezes em função do elevado número de óbitos. Por esse motivo, as primeiras estampas possuem uma crítica social mais evidente, com elementos como a cloroquina, o ex-presidente e as fakenews. Em 2022 o projeto foi contemplado com o III Prêmio Proex de Arte e Cultura, o qual subsidiou a aquisição de materiais e o aprofundamento da pesquisa em Xilogravura. A exposição Nós Cartográficos é, portanto, o amadurecimento de um longo período de formação, cuja concepção da proposta, curadoria e produção foi realizada pelos discentes. As estampas são interpretações de cartas de Tarot, em referência à relação histórica entre o jogo de baralho e a gravura, primeiro meio de reprodução de imagens desenvolvido pela humanidade. Ademais, o interesse pelas cartas surge em função da possibilidade de “ler o futuro”, em um momento de pouco ou nenhum controle sobre o que viria a acontecer no Brasil, considerando o período de incertezas em diversos âmbitos: político, econômico e social. Dessa forma, criou-se um jogo dentro do jogo, no qual cada artista trouxe para a mesa diferentes perspectivas. As cartas são o ponto de partida estético, cujo conceito se revela nas subjetividades plurais de seus autores.